16 de outubro de 2009

VISÃO DE CRIANÇA

É tão difícil enxergar o óbvio. Uma noite de céu estrelado, o vento movendo os cabelos, o sol que nos aquece. É tão difícil pro nosso ego ceder o perdão. Temos um desejo insaciável de dinheiro, fama, status; deixamos nossa felicidade se dissipar e tentamos saciar essa fome com coisas fúteis que nos parecem atraentes. Depois de um tempo acordamos para a realidade e percebemos o quanto a felicidade nos faz falta, o quanto ela é essencial. Felizmente ela não se esconde dentro de carros luxuosos, não está entre as celebridades nem requer de você status. Ela está onde menos procuramos, nas coisas em que menos damos valor. Para encontrar a felicidade devemos ter uma visão de criança. Enxergar a felicidade na simplicidade, não deixar nosso bem estar se contaminar com todas as exigências requeridas lá fora. É ser transparente nas palavras, usando a sinceridade para expressar sem medo o que pensa; e nas atitudes, revelando o que realmente sente na forma de agir. É persistir no que se acredita até o fim, mesmo que suas crenças sejam a existência de um conto de fadas ou cursar a faculdade de medicina. É ter um sorriso largo no rosto quando se tem o pedido de brinquedo negado ou as portas fechadas do emprego tão almejado. É admirar e enxergar o belo nos pingos de chuva espirrados na janela, é ouvir o canto dos pássaros, respirar com profundidade, ver as cores de um modo diferente.. na aquarela da vida! É ter medo do bicho papão que se esconde dentro do armário e não de homens como você, que praticam a injustiça sem qualquer temor. É fazer um amigo sem antes saber ao menos o seu nome, por desconhecer a palavra preconceito. É ser super heróis mascarados que fazem o bem sem olhar a quem ou praticar a bondade quando nos é dada a oportunidade, mesmo que a recompensa não seja medalhas ou grandes reconhecimentos; se ela chegar a existir. É se sentir seguro apenas estando no colo da mãe, não precisando de altos muros e cercas elétricas para conquistar o que chamamos de paz. É útopico tornarmos crianças depois que crescermos; pois a fase da vida em que o mundo de fantasia nos cercava, hoje se transformou em uma cárcere de pressão e competição. Mas não é impossível por alguns poucos momentos, se libertar desse cárcere e deixar a criança que habita dentro de nós com seu perdão, esperança e o brilho nos olhos ao admirar o simples respirar, para que não morra nesse mundo sufocante.
Patrícia Azevedo