21 de janeiro de 2010

A MULTIDÃO.

À primeira vista, somente pessoas anônimas, porém não imaginamos o imenso valor de persuasão que esse grupo tem nas ideologias da sociedade. Em meio a multidão não existem classes sociais, são apenas pessoas empenhadas em expressar suas opiniões, mesmo que elas mudem constantemente. A multidão está onde lhe interessa, atrai a mídia, manipula e influencia a sociedade. É inconstante, a mesma multidão que recebeu Jesus com tanto carisma e aplausos, afirmando ser Ele o filho de Deus depois gritou “Crucifica-o!”, trocando-o por um ladrão. Jesus foi aclamado quando interessou; Jesus foi preterido quando interessou. A multidão não é persistente em seus ideais, ela incomoda com alarmes, protesta pelos seus direitos, porém se dispersa facilmente quando a mídia foca outro assunto mais interessante. É eufórica, tentando linchar o assassino na porta da delegacia, se esquecendo depois de um tempo o que aconteceu com o sujeito. Tem entusiasmo; se veste de verde e amarelo, incentiva a nação cumprindo o “dever” de ser patriota, pinta o rosto e estampa a camisa com orgulho durante a final de uma copa; e se o resultado não é o esperado, criticam os jogadores, acusam o juiz, depredam o ônibus do time e pelo poder de influência que tem consegue tirar o técnico da direção do time. A multidão segue rigidamente um padrão de moda, despreza e ignora quem não está de acordo com seus princípios; e depois de pouco tempo considera tudo ultrapassado. Na multidão os indivíduos perdem sua identidade própria, deixando-se ser apenas um.. um corpo sem rumo, sem idéia, sem sensatez e sem sobriedade permanentes. É como disse Charles Chaplin: “Amo o público, mas não o admiro. Como indivíduos, sim. Mas, como multidão, não passa de um monstro sem cabeça”.

Patrícia Azevedo