22 de abril de 2010

Tapete vermelho

Aí está você, seguindo nesse tapete vermelho. Recebendo os aplausos, apreciando os sorrisos. Mostrando também o seu, tentando não parecer "forçado", o que é um pouco difícil. Se equilibrando no salto, tomando cuidado para não cair... E você? Ajustando sua gravata borboleta... Estufando o peito, fingindo não ter medo de perder tudo isso. Eu sei que isso é o seu chão, e os rostos sorridentes que te aplaudem desejam estar nesse tapete. E sua roupa? Foi criada por um bom estilista famoso. Daqui alguns dias ela será a moda e todos vão comentá-la. Bom disfarce! Tudo estaria lindo se Eu não soubesse o que você guarda aí dentro. Te vejo lembrando de dar as mãos ao seu marido; mantendo as aparências, ficando com a aliança somente para não provocar alardes. Tente se lembrar da última vez que conversaram, do último 'eu te amo' que você ouviu dele. E você... apreciando esse momento! Sorrindo para as fotos, admirando sua esposa. Já disse o quanto ela está bonita? Eu sei que não. Pra que elogiá-la se ela é apenas mais uma? Você tem amantes, traindo sua esposa e o público que lhe admira. Andando por esse tapete vermelho... da cor do sangue que derramei por vocês. Mas isso não importa pra você, não é?! Eu sei que por enquanto, não. E por apenas esse momento deixando para trás suas mágoas, decepções, dores, falhas... deixando seu passado negro que só Eu e você conhecemos. Se equilibrando no salto e seguindo seu caminho... para onde ele te leva? Ah, já sei... seu mundo de ilusões. Já sabe o que te encontra lá na frente? Eu sei, e sei que você não sabe. Conheço seu coração e sei da sua vontade de se libertar disso tudo, sei do seu medo de perder esses aplausos. Eles preenchem temporariamente esse vazio no seu peito. É a falta da Minha presença. Quero tanto te tirar desse mundo, te libertar dessas correntes que te aprisionam... te apresentar Meu amor verdadeiro e preencher seu vazio. Mas enquanto você não abre seu coração para Mim, não posso entrar. Então siga por esse tapete vermelho e mantenha a casca que isola o odor do seu interior, mais tarde ouvirei seus soluços na madrugada clamando por respostas, ignorando A solução.

20 de abril de 2010

Sou

Sou inverno, sou chuva. Sou tímida, calada. Sou mais limonada do que Coca. Sou lazanha, café com pão de sal. Sou strogonoff com batata palha. Sou mais documentário do que reality show. Sou buraquinho no queixo, sorriso metálico. Sou mais nude, menos brilho. Sou menos rosa, menos vermelho. Sou mais azul marinho, mais lilás. Sou jeans, all star, sou conforto. Sou salto alto. Sou vestido: preto, floral, de manga, sem manga, longo, curto. Sou decência. Sou jazz, ballet, hip hop, sou dança. Sou blogueira. Sou Augusto Cury. Sou Rob Bell. Sou Heloísa Rosa, Leeland, Apocalipse 16, Brian Littrell, Brooke Fraser, Switchfoot, Jon Foreman, Joy Willians, PG. Não sou rock. Sou maçã descascada, mamão com pouco açúcar. Sou música extremamente alta, sou fone de ouvido com música lenta. Sou mais simplicidade. Sou acessórios discretos, sou anel, colar, brinco, pulseira; sou mais dourado que prata. Sou família, casa cheia. Sou músicas. Sou pipoca com filme de romance e muito choro. Sou esmalte azul, verde, amarelo, preto, vermelho; mas também sou branco, o básico ‘renda’. Sou roupa de frio, mãos geladas. Sou evangélica. Sou bíblia. Sou oração. Sou da IBANES. Ajudo. Participo. Invento. Sou conversa demorada, risada sem ter porquê. Sou séria, sou menos brincadeira. Sou cabelo liso, olhos castanhos. Sou clipe do Blur. Já fui gêmea. Sou irmã. Prima. Sobrinha. Neta. Filha. Amiga. Sou compromisso, sou paciência. Sou bife acebolado, sou mingau de maizena. Sou chá de hortelã com leite. Sou internet, sou blog, facebook, twitter, skoob, msn. Sou desenho. Sou mais presentes personalizados do que caros. Sou Série Deixados para trás. Sou cabelo preso com caneta. Sou desastrada. Sou ansiosa. Sou traduções, trechos de livros, pensamentos. Sou matemática, física. Sou imaginação, sou fé. Sou bolacha Passatempo, biscoito Marilan amanteigado de chocolate. Sou sorvete expresso, picolé de leite condensado, refresco de blue ice. Sou fotos feias, gravações antigas. Sou futuro, sou sonhos, projetos. Sou casa grande, terreiro. Sou saudade. Já fui ‘palavras ao vento’, hoje sou 'do meu jeito'. Sou mais moleca confortável, sapatilha. Sou lápis de olho preto, sombra clara, batom rosa claro, blush. Sou bolsa grande e colorida. Sou caderno, sou lápis, caneta, anotações. Sou abraço apertado no frio. Sou mensagem inesperada no celular. Sou mais humor inteligente do que apelativo. Sou mais bombom preto do que branco. Sou pastel de queijo. Sou sorvete de bolacha. Sou 7 de Março. Sou biblioteca. Sou livros e mais livros. Sou mais uma conversa num banco de praça do que uma balada onde não se ouve o que o outro está falando. Sou 1995. Sou 28 de Maio. Sou um pouco de tudo, sou eu mesma. Sou Patrícia Azevedo Cota de Almeida, prazer!

Aderi à sugestão da Mariane, do blog Compartilhando Leituras e resolvi fazer um texto sobre mim, para que vocês me conheçam um pouco mais.. Beijos, uma ótima tarde!

16 de abril de 2010

Apenas o reflexo

Do céu dessa vez não vieram bênçãos. E sim respostas. Não de Deus, mas da natureza. Desceram em águas, pequenas gotas de chuva. Simples chuviscos, nada para se preocupar. Mas aos poucos a resposta de vingança do meio ambiente se derramou em lágrimas, clamando através dos raios seu pedido de socorro. Transbordou tristeza, alagaram casas. Ver sua moradia ser invadida e se sentir impotente diante da situação; os anos de labuta, a construção da tão sonhada casa que se enfraquece com a força da água. O que fazer?! Chorar?! Acho que não, até porque as gotas de lágrimas não terão efeito nesse mar poluído, em fúria. Ver pessoas inocentes morrendo... culpa de quem? A explicação mais cabível que encontram é 'da natureza'. Não é verdade. Sua bondade nos dá vitalidade há tanto tempo e sua paciência tem nos ensinado enquanto extraímos bruscalmente sem nenhum senso de ética seus recursos. A culpa não é dela. Ver sua casa ser invadida, suas lembranças, bens e recordações serem levados pelas enxurradas, enquanto você apenas assiste ao "espetáculo" me parece o mesmo que derrubar árvores, poluir rios, lançar verdadeiros "venenos" no ar puro. O espelho está se virando, e recebemos apenas uma parte do reflexo do passado bem presente, atitudes inconsequentes que estão nos trazendo severas consequências.

8 de abril de 2010

Atrás da burca

O olhar atrás da burca retrata a desilusão, a falta de esperança. Esperança morta por um sistema imposto, regras criadas e obrigatoriamente aceitas. Os olhos que tem contato com o mundo, mundo desconhecido onde dizem ter liberdade. Liberdade que no seu mundo, não existe. Olhos que já dissiparam lágrimas, é o excesso de tristeza no coração derramando, em gotas, sentimentos.
A boca atrás da burca é sufocada. Clama desesperada em alto e bom som por liberdade, em silêncio. Essa boca não tem opinião, não tem vez. Quando se manifesta é somente para concordar, traindo sua vontade. Vontade de mudar as regras, revolucionar o presente e ser história para o futuro. Mas ela sozinha não tem poder, são só passos a caminhar. Passos cansados, trilhando estradas já traçadas antes mesmo de suas pisadas deixarem marcas na trilha da sua própria vida onde não existe atalhos, à não ser a morte. Passos lentos, sem pressa... que não chegarão à lugares que sonhou.
Os ouvidos atrás da burca ouvem passos, músicas, conversas, notícias... Ouve os passos dos seus filhos brincando no jardim, passos do seu marido que ela não escolheu voltando do trabalho. Passos dos transeuntes, cada um em sua direção, com metas a cumprir, sonhos a realizar. Ouve músicas que retratam o sofrimento, que na sua vida as frases saltam das músicas, os versos do papel e vivem com ela no seu presente, em sua realidade. Ouve conversas vazias, fofocas sem propósitos, comentários banais, notícias do mundo longínquo... distante do seu mundo que se restringe à debaixo da burca: são mistérios de uma história, amores de um coração. Coração que já suportou dores desumanas, se apaixonou ardentemente e no final foi forçada a amar uma pessoa que não a conquistou. Pessoa que não lhe dá valor e que em seu coração ela é só mais uma dividindo espaço com outras mulheres. Elas que chegaram depois que ela se tornou insuficiente, um ser descartável.
As mãos atrás da burca exibem uma aliança no dedo anelar esquerdo. Um selo do contrato onde sua assinatura não foi solicitada. Mãos que exibem marcas de castigo, que já se queimaram ao preparar o jantar pro seu marido e receberam como recompensa agressões. Mãos que já carregaram meninos, acariciaram cabelos, ofereceram cumplicidade. Mãos que não são capazes de escrever seu próprio nome por causa do analfabetismo; mãos que nem da sua história se intitulam autoras.
O rosto atrás da burca se preserva desconhecido, segredos de um passo de lembranças vívidas, presentes no viver de uma mulher que desconhece a liberdade e que sabe muito bem o significado de sofrer.

6 de abril de 2010

O valor está no tempo

No tempo de cuidado. "Foi o tempo que perdestes com tua rosa que a fez tão importante". A disposição, preocupação, cuidado e paciência que você tem à ela é o que a torna única no mundo, diferente de todas as rosas. Quer acabar com uma amizade? Não gaste tempo com ela. O amor com o tempo se esfria, se perde a intimidade e os tão amigos, aos poucos, se afastam. Quer preservar uma amizade sem gastar tempo? É impossível. Não uma amizade forte, resistente à brisas ou fortes temporais.
O valor está
no tempo espera. Os abraços são vivenciados com mais emoção, os encontros se tornam memoráveis e a simples presença se torna um antídoto. A espera faz as pernas tremerem, as mãos gelarem e o coração quase explodir no peito. É aí que está o valor! Nas horas que você ficou imaginando qual seria sua reação e o tamanho da sua ansiedade, maquinando na mente o que iria dizer, como iria se comportar...
O valor está
no tempo. Nas horas, dias e segundos de cuidado, de espera, de ansiedade, de preocupação, de paciência. No tempo do relógio que ora é lento, ora devagar. O tempo que se passou faz com que as fotos, gravações, cartas, ou simples e pequenas lembranças se tornem valiosos tesouros. O tempo gasto com as conversas, leituras, pesquisas tornam tudo muito valioso.
E se não é gasto tempo, a amizade se torna um "contato", as conversas "obrigatórias" e os abraços somente cumprimentos. As mãos não tremem porque estão sempre ocupadas, não é possível imaginar mais os encontros porque a mente está pensando qual será o próximo compromisso. É isso o que acontece, o valor é esquecido e a rotina toma o lugar da gratidão.

CANSEI.

tenho segurado tudo sozinha, sempre me esforçando pra não deixar cair. é como uma grande pilha de livros, que tapam minha visão, e eu toda desequilibrada tento seguir meu rumo, mas sempre tropeço. é porque está pesado, não sei se consigo andar. na verdade eu sempre consigo, dou meu jeito e no final tudo dá certo, mas isso cansa. cansa meus braços, cansa meu sorriso, cansa segurar as palavras pra não acabar com tudo. suportei o peso sozinha, e você não reconhece. cansa ver você na boa vida enquanto fico sufocada aqui. minha auto-confiança e perfeccionismo me atrapalham, mas então o meu erro é tentar fazer tudo certo?! hilário! talvez você tenha razão em falar que a culpa é minha, mas por favor.. ache outro encosto, parasita!