1 de setembro de 2010

O "homem evoluído"

Estamos em um processo de evolução, não é nisso que muitos acreditam? Mas você percebeu que estamos decrescendo nessa escala?!
O surgimento da escrita e a evolução da fala demarcaram a separação entre a história e a pré-história e foram fatos marcantes e decisivos na vida dos seres humanos, sem dúvida alguma. Mas o que não paramos pra pensar nessa correria em que se tornaram nossas vidas, é que nós, "homens evoluídos", deixamos de utilizar desses meios de comunicação e aos poucos estamos nos tornando máquinas sem sentimentos, comandadas por sistemas impostos e inquestionáveis para sermos aceitos.
Você se lembra da última conversa com seu amigo, filho, esposa, marido, vizinho? Eu digo conversa de olhar no fundo dos olhos e ouvir atentamente... de contar as últimas novidades ou mesmo saber como o outro está, por quais problemas está passando e oferecer ajuda. Ou do último bilhete que escreveu com a própria letra (aquela feia e torta pela falta de treino pelos muitos anos que não vai à escola), um simples bilhete de agradecimento à alguém que te ajudou em um momento em que você, "homem evoluído", precisou do seu próximo pois sozinho não iria conseguir resolver uma tarefa?
Não, não... o "homem evoluído" senta em sua confortável poltrona e manda e-mails sem nenhum vestígio de emoção.. apenas para manter seu social. Fica no escritório até tarde pois "tem um mundo a conquistar" enquanto em sua casa, o único terreno nesse mundo que tem seu nome como proprietário, tem uma babá que educa seus filhos do seu jeito e maneira... e você ainda reclama que eles não tem educação, é.. você tem total razão. A conversa sobre o que aconteceu em seu dia e o desabafo sobre os problemas da vida ficam com a manicure no final de semana... e a sua letra feia e torta fica estampada no cheque que serve como pagamento pelo serviço.
Certa vez Marshall McLuhan disse que os meios de comunicação são extensões de nossos braços, olhos e ouvidos... Hoje, inverteram-se. Quando se falam dos homens pré-históricos nos vem à mente pessoas peludas com escudos e lanças... sem diálogos, compreensão ou piedade. Cortando árvores sem nenhum senso de preservação, apenas visando sua sobrevivência. Matando animais para fazer roupas, sem se preocupar com a extinção. Hoje fazemos as mesmas coisas, a diferença é que nos camuflamos com ternos, equilibramos em saltos altos e estampando falsos sorrisos.
Nos tornamos máquinas cheias de problemas e perguntas... buscando soluções em livros de auto-ajuda, psicólogos ou meditações. As respostas estão do outro lado do vidro que a fumaça do orgulho embaçou, ocultando a verdadeira essência do viver.
Homens brigando com homens por coisas inúteis, matando por motivos banais, tentando se sobressair em tudo e ter mais.. se esquecendo do ser, antes de tudo. E quando penso no nosso tamanho quando me lembro de tudo o que me cerca, já que moramos em um minúsculo ponto azul quase imperceptível nesse vasto universo, fico com um sentimento de indignação.
Eu não entendo essa evolução.