27 de outubro de 2010

Pra você.

Tem um mundo girando lá fora e só consigo observar seus olhos. Mãos me oferecem cumprimentos mas só a sua consegue aconchegar a minha me fazendo sentir tão amada. Deitar no seu ombro me faz sentir protegida, longe do mundo que nos cerca.. uma viagem pra um universo só nosso. Conversas, músicas e ruídos por aí, mas somente sua voz me traz essa paz. O seu sorriso me proporciona a mais completa felicidade, me dando a certeza de que você é a minha metade. Vamos viajar pro nosso mundo e nos encontrar depois das 5h30, pois nenhum decreto amargo pode destruir o que já foi sonhado no coração de Deus.
Eu te amo
, Sebastião Sérgio Félix <3

1 de setembro de 2010

O "homem evoluído"

Estamos em um processo de evolução, não é nisso que muitos acreditam? Mas você percebeu que estamos decrescendo nessa escala?!
O surgimento da escrita e a evolução da fala demarcaram a separação entre a história e a pré-história e foram fatos marcantes e decisivos na vida dos seres humanos, sem dúvida alguma. Mas o que não paramos pra pensar nessa correria em que se tornaram nossas vidas, é que nós, "homens evoluídos", deixamos de utilizar desses meios de comunicação e aos poucos estamos nos tornando máquinas sem sentimentos, comandadas por sistemas impostos e inquestionáveis para sermos aceitos.
Você se lembra da última conversa com seu amigo, filho, esposa, marido, vizinho? Eu digo conversa de olhar no fundo dos olhos e ouvir atentamente... de contar as últimas novidades ou mesmo saber como o outro está, por quais problemas está passando e oferecer ajuda. Ou do último bilhete que escreveu com a própria letra (aquela feia e torta pela falta de treino pelos muitos anos que não vai à escola), um simples bilhete de agradecimento à alguém que te ajudou em um momento em que você, "homem evoluído", precisou do seu próximo pois sozinho não iria conseguir resolver uma tarefa?
Não, não... o "homem evoluído" senta em sua confortável poltrona e manda e-mails sem nenhum vestígio de emoção.. apenas para manter seu social. Fica no escritório até tarde pois "tem um mundo a conquistar" enquanto em sua casa, o único terreno nesse mundo que tem seu nome como proprietário, tem uma babá que educa seus filhos do seu jeito e maneira... e você ainda reclama que eles não tem educação, é.. você tem total razão. A conversa sobre o que aconteceu em seu dia e o desabafo sobre os problemas da vida ficam com a manicure no final de semana... e a sua letra feia e torta fica estampada no cheque que serve como pagamento pelo serviço.
Certa vez Marshall McLuhan disse que os meios de comunicação são extensões de nossos braços, olhos e ouvidos... Hoje, inverteram-se. Quando se falam dos homens pré-históricos nos vem à mente pessoas peludas com escudos e lanças... sem diálogos, compreensão ou piedade. Cortando árvores sem nenhum senso de preservação, apenas visando sua sobrevivência. Matando animais para fazer roupas, sem se preocupar com a extinção. Hoje fazemos as mesmas coisas, a diferença é que nos camuflamos com ternos, equilibramos em saltos altos e estampando falsos sorrisos.
Nos tornamos máquinas cheias de problemas e perguntas... buscando soluções em livros de auto-ajuda, psicólogos ou meditações. As respostas estão do outro lado do vidro que a fumaça do orgulho embaçou, ocultando a verdadeira essência do viver.
Homens brigando com homens por coisas inúteis, matando por motivos banais, tentando se sobressair em tudo e ter mais.. se esquecendo do ser, antes de tudo. E quando penso no nosso tamanho quando me lembro de tudo o que me cerca, já que moramos em um minúsculo ponto azul quase imperceptível nesse vasto universo, fico com um sentimento de indignação.
Eu não entendo essa evolução.

10 de agosto de 2010

Depois do seu velório...


Você acha mesmo que o mundo vai parar se você morrer? É meio triste pensar dessa forma mas é o único meio pra despertar essa geração de pessoas alienadas.
A casa que você mora... Provavelmente será vendida à um estranho que a reformará por completo anos depois. E se isso não acontecer seus filhos ficarão com ela, mas aquele seu carpete branco felpudo da sala que você zelava para ficar sempre limpo vai ser sujo pelo cachorro (sim, seus filhos comprarão o cachorro que você sempre os proibiu de ter) e lambuzado de suco enquantos seus filhos e netos jogam video-game. Isso se ele for aprovado pela nova patroa do lar que é decoradora. Mas é mais certo que ele será carregado por um d
os seus filhos para o porão da casa.
Ah, a decoradora? Seu marido não aguentou os anos de solidão e se casou novamente... acalme-se! Ele sofreu por sua perda e te amou verdadeiramente enquanto estiveram juntos... mas não foi você quem disse que ele não conseguiria viver sozinho? Pois é.
A empresa que você gerenciou por 12 anos e deu seu sangue e seu tempo por eles? Seu chefe não compareceu ao seu velório por forças maiores e aquela sua adversária fofoqueira ficou no seu lugar.
O carro que você exibia para a vizinhança? Foi pro ferro velho há algum tempo... a decoradora trouxe dois novos e não sobrou espaço pro seu na garagem.
Ah, e ela ficou muito feliz ao abrir seu guarda-roupa... adorou seu perfume, os sapatos e as roupas que serviram perfeitamente, porém a maioria deles já ficaram ultrapassados... vão ser doados para um bazar beneficiente... ela está sempre preocupada em fazer o bem!
Depois do seu velório sua filha caçula se lembrou de uma maleta azul que você guardava dinheiro.. à partir daí todos viraram detetives, mas não a encontraram. Muitos anos se passaram e quando foram trocar o piso acharam seu "compartimento secreto". Ninguém te elogiou por ser tão cuidadosa e criativa.. ficaram super chateados porque cruzeir
os não valiam mais nada.
Bom, não sei se você queria saber disso, mas não pude resistir de te contar ao te ver desperdiçar seus maiores tesouros e gastar seu tempo com coisas fúteis e passageiras. O que vai ficar nesse mundo depois que você for não vão ser coisas materiais e sim lembranças. Quem sabe um abraço forte, um piquenique com a família no final de semana, uma guerra de travesseiros, uma carta de agradecimento ou apenas um sorriso? Enquanto existe fôlego, existe também tempo para construí-las. Está disposto?

4 de agosto de 2010

O cachorro dele...

... é tratado em uma famoso PetShop. Está sempre limpo, cheiroso e provavelmente com uma das tantas roupinhas muito fofas escolhidas por seu dono. Tem um grande jardim para passear, um canil para ficar e uma casinha para dormir. Nunca lhe falta uma boa ração para comer e vai regularmente ao veterinário por precaução. Tem o carinho do seu dono que de vez em quando aparece e diariamente a atenção dos tantos caseiros que cuidam da mansão que ele mora. Você é um homem trabalhador, pai de família e honesto. Chega cansado à noite do trabalho e recebe o carinho dos seus filhos e da esposa que preparou o arroz com feijão com carinho. A carne fica pra quando a situação financeira da família melhorar... por enquanto só o necessário já que os trabalhos irregulares de que você tira sua renda (isso depois que foi dispensado da fábrica por falta de produção) é muito pouco para alimentar seus 4 filhos e zelar pelo futuro daquele que está na barriga da sua esposa, quase nos dias de nascer. Mas antes do jantar é preciso tomar um banho, as mãos sujas de graxa não poderão se unir com as dos seus filhos para a oração de agradecimento pelo alimento. Depois disso vai assistir o programa de esportes se informar sobre as novidades do seu querido time. Vibrar, reclamar, parabenizar e comentar com seu filho mais velho os lances dos jogadores que o pequeno veste com orgulho a camisa. Na hora de dormir, o pai antes de desejar boa noite aos pequenos faz uma promessa: "Quando a fábrica retomar a produção e a situação aqui em casa melhorar, papai vai economizar dinheiro pra todos nós irmos ao estádio ver nossos craques jogarem..."

É justo?!

Não entendeu? Clica!

24 de junho de 2010

Nelson Mandela

Eu não preciso saber em que data ele nasceu ou onde morou durante sua infância. Se ele cursou ensino superior em uma famosa universidade ou se passou sua vida entre a classe alta da sociedade. Sua verdadeira identidade se estampa em seu semblante de amor por seu país; em sua luta pela liberdade e a esperança de tornar realidade o sonho do seu povo. Mesmo estando preso durante 27 anos não parou de lutar para ver seu povo livre. Chorou as lágrimas de seu falecido filho sem poder ao menos ir ao seu funeral pra ver seu povo sorrir em liberdade ao lado de suas famílias. Viu sua mulher durante 21 anos através de um vidro, pra ver seu povo dar as mãos à pessoas brancas sendo tratados igualmente, sem preconceitos. Uma voz para lutar por aqueles que não tinham vez; alguém que fez da educação, sua arma; da luta, sua vida; da igualdade, o seu lema. Os inúmeros títulos e prêmios que recebeu nos últimos anos são somente o reflexo da vida de um homem que não usou o ódio nem a vingança com aqueles que consideravam seu povo pessoas inimigas; mostrando a todo momento a veracidade de suas palavras e seus ideais. Alguém que uniu seu povo, agora não mais somente os negros, através de um esporte, tornando um país antes preto e branco, um solo pintado por um povo guerreiro, com cor de liberdade, com voz de igualdade. Nelson Rolihlahla Mandela, ou o querido Madiba.. o herói da África, um exemplo pro mundo.

25 de maio de 2010

A bíblia

Muito sangue foi derramado para que ela estivesse hoje em minhas mãos. São 66 livros, uma biblioteca inteira ao meu alcance. Inocentes doaram suas vidas para ter a chance de ler ao menos trechos desse livro. Faz parte da história: contando, sendo e prevendo. Contando, nos relatando histórias sobre civilizações passadas; sendo, como o primeiro livro a ser impresso no mundo; e prevendo, nos alertando com suas profecias. Além de ser, contar e prever a bíblia nos dá direção e ensinamentos que se aplicam perfeitamente ao nosso dia-a-dia, considerando que eles foram escritos há muito tempo atrás. Escrita por 40 autores diferentes, os livros se completam e se concordam mesmo sendo escritos em tempos completamente diferentes. É um livro histórico retratando a escrita dos povos antigos; sendo partes da bíblia encontradas em pedras, argila, madeira, couro, papiro e pergaminhos. Foi inspirada por Deus e escrita em períodos remotos e em distintos lugares. Já foi traduzida em mais de 2.000 línguas diferentes. É incrível como tal livro tem tanto valor científico, histórico, espiritual e de influência; e ver tal preciosidade tendo suas páginas empoeiradas pelo não uso, aí na sua estante, deixada no canto como mais um enfeite.
Patrícia Azevedo.
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Bom, vi um vídeo ontem e gostaria de compartilhar o link com vocês:
[http://www.youtube.com/watch?v=s4ozormc8mA]
Chama-se "Carta de amor do Pai". São apenas alguns trechos da bíblia que formaram esse maravilhoso texto, imagine lê-la inteira... E essa oportunidade não nos falta onde vivemos em um país onde somos livres para expressar nossa fé. Aproveite essa oportunidade que lhe é dada... muitos sonham com isso. Uma boa semana pra vocês!

22 de abril de 2010

Tapete vermelho

Aí está você, seguindo nesse tapete vermelho. Recebendo os aplausos, apreciando os sorrisos. Mostrando também o seu, tentando não parecer "forçado", o que é um pouco difícil. Se equilibrando no salto, tomando cuidado para não cair... E você? Ajustando sua gravata borboleta... Estufando o peito, fingindo não ter medo de perder tudo isso. Eu sei que isso é o seu chão, e os rostos sorridentes que te aplaudem desejam estar nesse tapete. E sua roupa? Foi criada por um bom estilista famoso. Daqui alguns dias ela será a moda e todos vão comentá-la. Bom disfarce! Tudo estaria lindo se Eu não soubesse o que você guarda aí dentro. Te vejo lembrando de dar as mãos ao seu marido; mantendo as aparências, ficando com a aliança somente para não provocar alardes. Tente se lembrar da última vez que conversaram, do último 'eu te amo' que você ouviu dele. E você... apreciando esse momento! Sorrindo para as fotos, admirando sua esposa. Já disse o quanto ela está bonita? Eu sei que não. Pra que elogiá-la se ela é apenas mais uma? Você tem amantes, traindo sua esposa e o público que lhe admira. Andando por esse tapete vermelho... da cor do sangue que derramei por vocês. Mas isso não importa pra você, não é?! Eu sei que por enquanto, não. E por apenas esse momento deixando para trás suas mágoas, decepções, dores, falhas... deixando seu passado negro que só Eu e você conhecemos. Se equilibrando no salto e seguindo seu caminho... para onde ele te leva? Ah, já sei... seu mundo de ilusões. Já sabe o que te encontra lá na frente? Eu sei, e sei que você não sabe. Conheço seu coração e sei da sua vontade de se libertar disso tudo, sei do seu medo de perder esses aplausos. Eles preenchem temporariamente esse vazio no seu peito. É a falta da Minha presença. Quero tanto te tirar desse mundo, te libertar dessas correntes que te aprisionam... te apresentar Meu amor verdadeiro e preencher seu vazio. Mas enquanto você não abre seu coração para Mim, não posso entrar. Então siga por esse tapete vermelho e mantenha a casca que isola o odor do seu interior, mais tarde ouvirei seus soluços na madrugada clamando por respostas, ignorando A solução.

20 de abril de 2010

Sou

Sou inverno, sou chuva. Sou tímida, calada. Sou mais limonada do que Coca. Sou lazanha, café com pão de sal. Sou strogonoff com batata palha. Sou mais documentário do que reality show. Sou buraquinho no queixo, sorriso metálico. Sou mais nude, menos brilho. Sou menos rosa, menos vermelho. Sou mais azul marinho, mais lilás. Sou jeans, all star, sou conforto. Sou salto alto. Sou vestido: preto, floral, de manga, sem manga, longo, curto. Sou decência. Sou jazz, ballet, hip hop, sou dança. Sou blogueira. Sou Augusto Cury. Sou Rob Bell. Sou Heloísa Rosa, Leeland, Apocalipse 16, Brian Littrell, Brooke Fraser, Switchfoot, Jon Foreman, Joy Willians, PG. Não sou rock. Sou maçã descascada, mamão com pouco açúcar. Sou música extremamente alta, sou fone de ouvido com música lenta. Sou mais simplicidade. Sou acessórios discretos, sou anel, colar, brinco, pulseira; sou mais dourado que prata. Sou família, casa cheia. Sou músicas. Sou pipoca com filme de romance e muito choro. Sou esmalte azul, verde, amarelo, preto, vermelho; mas também sou branco, o básico ‘renda’. Sou roupa de frio, mãos geladas. Sou evangélica. Sou bíblia. Sou oração. Sou da IBANES. Ajudo. Participo. Invento. Sou conversa demorada, risada sem ter porquê. Sou séria, sou menos brincadeira. Sou cabelo liso, olhos castanhos. Sou clipe do Blur. Já fui gêmea. Sou irmã. Prima. Sobrinha. Neta. Filha. Amiga. Sou compromisso, sou paciência. Sou bife acebolado, sou mingau de maizena. Sou chá de hortelã com leite. Sou internet, sou blog, facebook, twitter, skoob, msn. Sou desenho. Sou mais presentes personalizados do que caros. Sou Série Deixados para trás. Sou cabelo preso com caneta. Sou desastrada. Sou ansiosa. Sou traduções, trechos de livros, pensamentos. Sou matemática, física. Sou imaginação, sou fé. Sou bolacha Passatempo, biscoito Marilan amanteigado de chocolate. Sou sorvete expresso, picolé de leite condensado, refresco de blue ice. Sou fotos feias, gravações antigas. Sou futuro, sou sonhos, projetos. Sou casa grande, terreiro. Sou saudade. Já fui ‘palavras ao vento’, hoje sou 'do meu jeito'. Sou mais moleca confortável, sapatilha. Sou lápis de olho preto, sombra clara, batom rosa claro, blush. Sou bolsa grande e colorida. Sou caderno, sou lápis, caneta, anotações. Sou abraço apertado no frio. Sou mensagem inesperada no celular. Sou mais humor inteligente do que apelativo. Sou mais bombom preto do que branco. Sou pastel de queijo. Sou sorvete de bolacha. Sou 7 de Março. Sou biblioteca. Sou livros e mais livros. Sou mais uma conversa num banco de praça do que uma balada onde não se ouve o que o outro está falando. Sou 1995. Sou 28 de Maio. Sou um pouco de tudo, sou eu mesma. Sou Patrícia Azevedo Cota de Almeida, prazer!

Aderi à sugestão da Mariane, do blog Compartilhando Leituras e resolvi fazer um texto sobre mim, para que vocês me conheçam um pouco mais.. Beijos, uma ótima tarde!

16 de abril de 2010

Apenas o reflexo

Do céu dessa vez não vieram bênçãos. E sim respostas. Não de Deus, mas da natureza. Desceram em águas, pequenas gotas de chuva. Simples chuviscos, nada para se preocupar. Mas aos poucos a resposta de vingança do meio ambiente se derramou em lágrimas, clamando através dos raios seu pedido de socorro. Transbordou tristeza, alagaram casas. Ver sua moradia ser invadida e se sentir impotente diante da situação; os anos de labuta, a construção da tão sonhada casa que se enfraquece com a força da água. O que fazer?! Chorar?! Acho que não, até porque as gotas de lágrimas não terão efeito nesse mar poluído, em fúria. Ver pessoas inocentes morrendo... culpa de quem? A explicação mais cabível que encontram é 'da natureza'. Não é verdade. Sua bondade nos dá vitalidade há tanto tempo e sua paciência tem nos ensinado enquanto extraímos bruscalmente sem nenhum senso de ética seus recursos. A culpa não é dela. Ver sua casa ser invadida, suas lembranças, bens e recordações serem levados pelas enxurradas, enquanto você apenas assiste ao "espetáculo" me parece o mesmo que derrubar árvores, poluir rios, lançar verdadeiros "venenos" no ar puro. O espelho está se virando, e recebemos apenas uma parte do reflexo do passado bem presente, atitudes inconsequentes que estão nos trazendo severas consequências.

8 de abril de 2010

Atrás da burca

O olhar atrás da burca retrata a desilusão, a falta de esperança. Esperança morta por um sistema imposto, regras criadas e obrigatoriamente aceitas. Os olhos que tem contato com o mundo, mundo desconhecido onde dizem ter liberdade. Liberdade que no seu mundo, não existe. Olhos que já dissiparam lágrimas, é o excesso de tristeza no coração derramando, em gotas, sentimentos.
A boca atrás da burca é sufocada. Clama desesperada em alto e bom som por liberdade, em silêncio. Essa boca não tem opinião, não tem vez. Quando se manifesta é somente para concordar, traindo sua vontade. Vontade de mudar as regras, revolucionar o presente e ser história para o futuro. Mas ela sozinha não tem poder, são só passos a caminhar. Passos cansados, trilhando estradas já traçadas antes mesmo de suas pisadas deixarem marcas na trilha da sua própria vida onde não existe atalhos, à não ser a morte. Passos lentos, sem pressa... que não chegarão à lugares que sonhou.
Os ouvidos atrás da burca ouvem passos, músicas, conversas, notícias... Ouve os passos dos seus filhos brincando no jardim, passos do seu marido que ela não escolheu voltando do trabalho. Passos dos transeuntes, cada um em sua direção, com metas a cumprir, sonhos a realizar. Ouve músicas que retratam o sofrimento, que na sua vida as frases saltam das músicas, os versos do papel e vivem com ela no seu presente, em sua realidade. Ouve conversas vazias, fofocas sem propósitos, comentários banais, notícias do mundo longínquo... distante do seu mundo que se restringe à debaixo da burca: são mistérios de uma história, amores de um coração. Coração que já suportou dores desumanas, se apaixonou ardentemente e no final foi forçada a amar uma pessoa que não a conquistou. Pessoa que não lhe dá valor e que em seu coração ela é só mais uma dividindo espaço com outras mulheres. Elas que chegaram depois que ela se tornou insuficiente, um ser descartável.
As mãos atrás da burca exibem uma aliança no dedo anelar esquerdo. Um selo do contrato onde sua assinatura não foi solicitada. Mãos que exibem marcas de castigo, que já se queimaram ao preparar o jantar pro seu marido e receberam como recompensa agressões. Mãos que já carregaram meninos, acariciaram cabelos, ofereceram cumplicidade. Mãos que não são capazes de escrever seu próprio nome por causa do analfabetismo; mãos que nem da sua história se intitulam autoras.
O rosto atrás da burca se preserva desconhecido, segredos de um passo de lembranças vívidas, presentes no viver de uma mulher que desconhece a liberdade e que sabe muito bem o significado de sofrer.

6 de abril de 2010

O valor está no tempo

No tempo de cuidado. "Foi o tempo que perdestes com tua rosa que a fez tão importante". A disposição, preocupação, cuidado e paciência que você tem à ela é o que a torna única no mundo, diferente de todas as rosas. Quer acabar com uma amizade? Não gaste tempo com ela. O amor com o tempo se esfria, se perde a intimidade e os tão amigos, aos poucos, se afastam. Quer preservar uma amizade sem gastar tempo? É impossível. Não uma amizade forte, resistente à brisas ou fortes temporais.
O valor está
no tempo espera. Os abraços são vivenciados com mais emoção, os encontros se tornam memoráveis e a simples presença se torna um antídoto. A espera faz as pernas tremerem, as mãos gelarem e o coração quase explodir no peito. É aí que está o valor! Nas horas que você ficou imaginando qual seria sua reação e o tamanho da sua ansiedade, maquinando na mente o que iria dizer, como iria se comportar...
O valor está
no tempo. Nas horas, dias e segundos de cuidado, de espera, de ansiedade, de preocupação, de paciência. No tempo do relógio que ora é lento, ora devagar. O tempo que se passou faz com que as fotos, gravações, cartas, ou simples e pequenas lembranças se tornem valiosos tesouros. O tempo gasto com as conversas, leituras, pesquisas tornam tudo muito valioso.
E se não é gasto tempo, a amizade se torna um "contato", as conversas "obrigatórias" e os abraços somente cumprimentos. As mãos não tremem porque estão sempre ocupadas, não é possível imaginar mais os encontros porque a mente está pensando qual será o próximo compromisso. É isso o que acontece, o valor é esquecido e a rotina toma o lugar da gratidão.

CANSEI.

tenho segurado tudo sozinha, sempre me esforçando pra não deixar cair. é como uma grande pilha de livros, que tapam minha visão, e eu toda desequilibrada tento seguir meu rumo, mas sempre tropeço. é porque está pesado, não sei se consigo andar. na verdade eu sempre consigo, dou meu jeito e no final tudo dá certo, mas isso cansa. cansa meus braços, cansa meu sorriso, cansa segurar as palavras pra não acabar com tudo. suportei o peso sozinha, e você não reconhece. cansa ver você na boa vida enquanto fico sufocada aqui. minha auto-confiança e perfeccionismo me atrapalham, mas então o meu erro é tentar fazer tudo certo?! hilário! talvez você tenha razão em falar que a culpa é minha, mas por favor.. ache outro encosto, parasita!

20 de março de 2010

VOCÊ é JESUS pra alguém

a sua lingua é Jesus pra alguém
suas palavras, conselhos, seus papos
suas gírias, bordões, piadas
tudo o que sai de sua boca
é o que as pessoas vão escutar sobre Deus

os seus alvos são Jesus pra alguém
suas prioridades, suas atividades
tudo o que você faz denuncia as atitudes de alguém de Deus

o seu compromisso diante das pessoas é Jesus pra alguém
sua responsabilidade, fidelidade, seu caráter,
o que as pessoas sabem sobre você
e quem você realmente é
é sim, Jesus pra alguém

o seu amor é Jesus pra alguém
o seu ombro amigo, seus conselhos,
seu cuidado, como você tem perdoado as pessoas
o tempo que você dedica, o quanto se importa com elas
mostra um pouco do amor de Jesus em sua vida pra alguém

seu círculo de amigos é Jesus pra alguém
com quem você anda, com quem passa a maioria de seu tempo
os lugares que você frequenta
falam sobre o ambiente que alguém de Deus deve estar

seus ouvidos é Jesus pra alguém
as músicas que você ouve, os papos pelo qual você se interessa
o quanto você se importa em ouvir o que as pessoas ao seu redor tem a falar
é o ouvido de Deus para elas

seus olhos é Jesus pra alguém
o que você vê, assiste, lê
denunciam sobre as coisas que alguém que pertence à Deus deve se interessar

seu estilo é Jesus pra alguém
o tipo e a decência de sua roupa, o corte do seu cabelo,
falam sobre como uma pessoa que tem o temor de Deus deve ser vista por alguém

você é Jesus pra alguém,
sua vida é a bíblia que eles lêem diariamente,
mesmo que você não perceba alguém nota suas atitudes.
o seu testemunho vale mais que seu sermão
e apesar dos erros, fracassos e falhas
você é tudo de Deus pra alguém.

Patrícia Azevedo

1 de fevereiro de 2010

A GERAÇÃO.

A geração da correria, da falta de tempo, do despreparo emocional; da facilidade da comida enlatada; do diálogo escasso entre pais e filhos, da revolta dos jovens clamando por uma identidade; buscando atenção através do seu estilo, tentando ser original e diferente no modo de se vestir, no corte e penteado dos seus cabelos; ou na sua forma deprimida e isolada de viver.
A geração que se dividiu em "tribos", redes de amigos com interesses em comum.. as patis, punks, emos, skinheads, nerds...
A geração que não se importa com a cultura, a música; prezam somente o ritmo, a 'batida'. Que não se interessa por uma boa leitura, pelas notícias, que não tem sede de conhecimento... o único interesse é o prazer momentâneo, é se acabar nas bebidas, buscar novas experiências, novos vícios... sem pensar com as consequências que tais atos podem gerar para o futuro.
A geração invejosa, que não tem o mínimo de gratidão, de reconhecimento e nem se contenta com o que tem, sempre se comparando com o abastado que tem mais.
A geração que gasta seu tempo inerte diante de uma tv enquanto é manipulada pela mídia. Que não é capaz de viver sem a tecnologia que hoje possui, que cria amizades "forever" [rs] que não duram semanas.
A geração que banalizou o "eu te amo", que cria sentimentos que não existem... Que se esqueceu dos valores antigos, do "ser cavalheiro", da gentileza, da educação, do respeito.
A geração do preconceito que discrimina, da moda que oprime, dos grupos que excluem, do padrão que impõe...
e essa, leitor, é a geração que desenha nosso futuro.
Patrícia Azevedo

MEINE LUFT.

ventos passaram por minha vida,
grandes ventanias, ou simples brisas
mas me alegro por que encontrei
um vento que me deu um rumo
encheu de ar os meus pulmões
preencheu meu vazio

me fez sentir a brisa,
e lembrar do teu beijo em meu rosto;
sentir novamente o seu abraço.

me fez fechar os olhos
e lembrar do teu sorriso
ouvir a sua voz.

o arrepio que o ar gelado me provoca
me faz lembrar do frio na barriga
do nosso primeiro encontro
quando dividi contigo
o mesmo ar

o vento
o ar em movimento
hoje seca as lágrimas que em meu rosto rolam
me fazendo sentir mais saudade
essa grande saudade
que só termina com seu abraço.

<3
Patrícia Azevedo

21 de janeiro de 2010

A MULTIDÃO.

À primeira vista, somente pessoas anônimas, porém não imaginamos o imenso valor de persuasão que esse grupo tem nas ideologias da sociedade. Em meio a multidão não existem classes sociais, são apenas pessoas empenhadas em expressar suas opiniões, mesmo que elas mudem constantemente. A multidão está onde lhe interessa, atrai a mídia, manipula e influencia a sociedade. É inconstante, a mesma multidão que recebeu Jesus com tanto carisma e aplausos, afirmando ser Ele o filho de Deus depois gritou “Crucifica-o!”, trocando-o por um ladrão. Jesus foi aclamado quando interessou; Jesus foi preterido quando interessou. A multidão não é persistente em seus ideais, ela incomoda com alarmes, protesta pelos seus direitos, porém se dispersa facilmente quando a mídia foca outro assunto mais interessante. É eufórica, tentando linchar o assassino na porta da delegacia, se esquecendo depois de um tempo o que aconteceu com o sujeito. Tem entusiasmo; se veste de verde e amarelo, incentiva a nação cumprindo o “dever” de ser patriota, pinta o rosto e estampa a camisa com orgulho durante a final de uma copa; e se o resultado não é o esperado, criticam os jogadores, acusam o juiz, depredam o ônibus do time e pelo poder de influência que tem consegue tirar o técnico da direção do time. A multidão segue rigidamente um padrão de moda, despreza e ignora quem não está de acordo com seus princípios; e depois de pouco tempo considera tudo ultrapassado. Na multidão os indivíduos perdem sua identidade própria, deixando-se ser apenas um.. um corpo sem rumo, sem idéia, sem sensatez e sem sobriedade permanentes. É como disse Charles Chaplin: “Amo o público, mas não o admiro. Como indivíduos, sim. Mas, como multidão, não passa de um monstro sem cabeça”.

Patrícia Azevedo